Hemocomponentes e Transfusão Sanguínea

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A transfusão de sangue e hemocomponentes são usados para salvar vidas e melhorar a saúde do paciente, no entanto, podem levar a complicações agudas ou tardias, como risco de transmissão de doença infecciosa, imunossupressão e aloimunização.

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Hemocomponentes e Transfusão Sanguínea

Obtenção dos hemocomponentes

  • Existem duas formas para obtenção dos hemocomponentes:

  • O processamento das bolsas de sangue total coletadas é feito por meio de centrifugação refrigerada, por processos que minimizem a contaminação e proliferação bacteriana.

    • A mais comum é a coleta do sangue total.

    • A outra forma, mais específica e de maior complexidade, é a coleta por meio da aférese.

      • Aférese é um procedimento caracterizado pela retirada do sangue do doador, seguida da separação de seus componentes por um equipamento próprio, retenção da porção do sangue que se deseja retirar na máquina e devolução dos outros componentes.

  • Devido a diferença de densidade, o processo de centrifugação separa o sangue total em três camadas: Soluções anticoagulantes preservadoras e soluções aditivas são adicionadas às bolsas de hemocomponentes para impedir a coagulação e manter a viabilidade das células.

    • Hemácias: no fundo
    • Buffy coat ou camada leucoplaquetária: camada intermediária contendo leucócitos e plaquetas.
    • Plasma: Plaquetas dispersas.

Indicação e aplicação

Sangue total (ST)

  • É o sangue coletado de um doador misturado com a solução preservadora e anticoagulante, na proporção de aproximadamente 450 mL de sangue para 63 mL de solução preservadora. 

  • O hematócrito dessa unidade varia de 36% a 44%. 

  • Deve ser estocado em refrigerador monitorizado entre 1 e 6 °C. 

  • Seu prazo de validade depende do anticoagulante utilizado na bolsa de coleta: 
    • Citrato-Fosfato-Dextrose (CPD) é de 21 dias
    • Citrato – Fosfato-Dextrose- Adenina (CPDA – 1) é de 35 dias
    • SAG Manitol é de 42 dias

Hemepar, Curitiba 2020. 

Concentrado de Hemácias (CH)

  • A transfusão de CH deve ser realizada para tratar, ou prevenir iminente e inadequada liberação de oxigênio aos tecidos, ou seja, em casos de anemia, porém nem todo estado de anemia exige a transfusão de CH. 

  • A transfusão de CH está recomendada após perda volêmica superior a 25% a 30% da volemia total

  • O paciente deve ser transfundido imediatamente, após apresentar sinais e sintomas clínicos, como: frequência cardíaca acima de 100 bpm a 120 bpm, hipotensão arterial, queda no débito urinário, frequência respiratória aumentada, enchimento capilar maior que 2 segundos e alteração no nível de consciência. 

  • Entre 7 a 10 g/dL fica dependente da avaliação do estado clínico e laboratorial do paciente, como: idade, velocidade de instalação da anemia, história natural da anemia, volume intravascular e a presença de fatores fisiológicos que afetam a função cardiopulmonar.

  • Pacientes com DPOC e/ou cardiopatias isquêmicas agudas, precisam estar acima de 10 g/dL. 

  • Abaixo, segue características do concentrado de hemácias: 

Hemepar, Curitiba 2020. 

Concentrado de Plaquetas (CP)

  • É obtido por meio de uma dupla centrifugação de uma unidade de sangue total, obtendo uma suspensão de plaquetas em plasma.

  • Este material deve ser armazenado a temperatura de 20º a 24ºC, sob agitação constante, pelo prazo máximo de cinco dias.

  • As indicações de transfusão de CP estão associadas às plaquetopenias desencadeadas por falência medular; raramente indica-se a reposição em plaquetopenias por destruição periférica ou alterações congênitas de função plaquetária

  • Tempo de infusão de CP é de 30 min em adultos e pediátricos, reavaliado em 1 hora após transfusão ou 10 minutos após o término ambulatorial. 

Hemepar, Curitiba 2020. 

Plasma fresco congelado

  • O plasma fresco congelado é composto primariamente de água, com aproximadamente 7% de proteínas e 2% de carboidratos e lipídeos. 

  • É obtido através de centrifugação e congelamento do plasma dentro de 6 horas após a coleta 

  • Possui validade de 12 meses a -20°C ou de 24 meses a -30°C 

  • As indicações para o uso do PFC são restritas e correlacionadas a sua propriedade de conter as proteínas da coagulação. 

  • O componente deve ser usado, portanto, no tratamento de pacientes com distúrbio da coagulação, particularmente naqueles em que há deficiência de múltiplos fatores.

Hemepar, Curitiba 2020. 

Crioprecipitado

  • O crioprecipitado constitui a fração de plasma insolúvel ao frio, obtida a partir do PFC contendo glicoproteínas de alto peso molecular, fator VIII, fator de von Willebrand, fator XIII e fibrinogênio.

  • É obtido pelo descongelamento do PFC a 4ºC ± 2ºC, e imediatamente centrifugado nessa mesma temperatura, em seguida se extrai o sobrenadante pobre em crioprecipitado (plasma sem p crioprecipitado), resultando em material insolúvel em frio.

  • O crioprecipitado resultante deve ser recongelado em até 1 (uma) hora após a sua obtenção.

  • Este material tem indicações para o tratamento hipofribrinogenemia congênita ou adquirida (<100 mg/dL), disfibrinogenemia ou deficiência do fator XIII. 

  • Após ler todos os hemocomponentes que podem ser extraídos do sangue, sabe-se que eles são utilizados em diversas situações clínicas e ou emergenciais, por isso  a importância da doação de sangue. Em vista disso, quem pode doar sangue e como doar? 

Para doar sangue, você deve ter:

  • Documento oficial e original de identidade com foto e dentro do prazo de validade 

  • Ter entre 16 e 69 anos de idade (sendo que a primeira doação deve ter sido feita até 60 anos incompletos);
    • Para menores de 18 anos, deve-se estar acompanhado de um adulto maior de 21 anos, com o Termo de Autorização de doação de menor de idade preenchido e firma reconhecida em cartório. O reconhecimento da firma é dispensável se o menor estiver acompanhado do responsável legal 

  • Pesar acima de 50Kg;

  • Estar em boas condições de saúde;

  • Estar alimentado, porém tendo evitado refeições pesadas (gordurosas) nas 3 horas que antecedem a doação.

Quem não pode doar sangue?

  • Ter risco de possuir doenças transmissíveis pelo sangue

De quanto em quanto tempo pode doar sangue?

  • Homens podem doar a cada 2 meses, sendo o máximo de 4 vezes por ano.

  • Mulheres podem doar a cada 3 meses, sendo no máximo 3 vezes no período em um ano

Autora: Nicoly Camila Spack

Instagram: @nispack

Referências

HEMEPAR. Secretaria de Estado de Saúde. Manual de Orientação Hemoterápica. Curitiba, 2020. 

EBSERH. Manual de Condutas em Reações Transfusionais. Serviço de Agência Transfusional- SAT, v. 1, 2020. 

COLSAN. Associação Beneficente da Coleta de Sangue: Requisitos para Doação.

Disponível em: <https://www.colsan.org.br/site/doador/requisitos-para-doacao/>

ZAGO, M. A.; FALCÃO, R. P; PASQUINI, R.Tratado de Hematologia. 1. ed. São Paulo: Atheneu, 2013 

HOFFBRAND, AV; MOSS, PAH. Fundamentos em Hematologia de Hoffbrand. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2018. 

FAILACE, R; FERNANDES, F. Hemograma: Manual de Interpretação. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 201


O texto é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

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